quinta-feira, 23 de julho de 2015


O Preço


Nessa prece, oh pensamento
Venho com um humilde desalento
À casa de todas as questões
Não sei se ajoelho ou fico em pé
Um desajeitado ser sem fé
Perante as soluções

No trajeto desdenhoso
Fiz um desvio perigoso
Onde toda palavra jaz
A guerra é uma subida
Nesse caminho só de ida
Qual o preço da paz?

Nadei nas lágrimas da sede
Lancei no mar minha rede
Começo a puxá-la forte
Repetidas vezes vazia
Nos pensamentos, a azia
Qual o preço da sorte?

Nesta montanha dos desenganos
Que escalei por alguns anos
Onde me obriguei a ser forte
Na chuva, na sede e na fome
Sem cor, sem luz e sem nome
Qual o preço da morte?

Nos desvios, na demora
No repouso de uma hora
O banco de alguma praça
Se perguntarem o quanto vali
Responda enquanto sorri:
Eu fui de graça.



- Sérgio Schiapim



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domingo, 19 de julho de 2015


Gelo


E bebeu
Cada gole de si mesmo.
Embriagou-se nas desculpas
Da garrafa solução.
E cambaleou
Em cada esquina do destino
Até chegar em sua casa
Na rua das memórias
Sentou frente à porta
Orou por livramento
O universo lhe apresentou
O fim e o vício
E ele pediu com gelo.



- Sérgio Schiapim



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quinta-feira, 11 de junho de 2015



Modéstia


Peço perdão por desconhecer, Horácio.
Sem falsa modéstia.
Esse vago poema é o melhor que consigo.
Peço perdão pelo vocabulário, Augusto.
Por eu ser tão sem classe,
Minhas rimas mataram o poema.
E peço perdão a todos que escreveram antes de mim,
E ainda bem que escreveram.
Eu não saberei dar continuidade.
Eu desconheço, não dou vida e não continuo.
Sou finais.



- Sérgio Schiapim



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sexta-feira, 10 de outubro de 2014


O poço


O poço secou.
Joguei meu balde, até o final
E só encontrei lama.
Todos os sonhos que eu puxava,
Os versos que de lá saíam,
Matavam a minha sede.

'- Mãe, o poço secou!'
Disse o menino
Que vinte anos envelheceu
Quando a frase terminou.

A vida virou esboço.



- Sérgio Schiapim



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