domingo, 26 de junho de 2011


Cinco Letras


Me aventurei nesse mundo dos vivos,
De partos e martírios emotivos.
Meu coração não ama mais...!
Passou a ser apenas um órgão vital,
Me tornei etnicamente racional,
Seu nome se perdeu em meus rugidos cerebrais!

Me tornei apenas um 'humano respirante',
Dono de um órgão vital pulsante,
Que pulsava, pulsava e pulsava...
Como que vivo entre os destroços,
Porém preso entre os ossos...
Essa repetição me agoniava!

Sentei, observando meus rabiscos.
Lembrei-me vagamente de teus sorrisos...
Levantei e saí, como alguém que repele.
Um vento assopra-me, doce e flutuante,
Sorriam-me todas as consoantes,
Do pergaminho singular da pele!

Respirei, esse tempo, sem nenhum motivo...
Constante tempo, sem motivo...
E meu coração tentava me contar algo...
E repetia, repetia e repetia...
Me incomodava, assim como essa repetição
Incomoda você, ó leitor.

Minha natureza viva... tornou-se morta.
Tranquei meu contrato com a frieza!
O Fiz em pedaços, e os contei em seguida,
Consegui enxergar, de cabeça erguida,
Toda a norma que eu ignorava,
E toda lágrima que quieto, sangrei.

Encontrei em você a minha essência,
O sentimento para minha existência,
O ar para meus pulmões!
Meu ponto fraco, que me faz forte.
Eu que nunca acreditei em sorte
Quis explicar, usando de todas as razões:

Eu que uso a escrita para me expressar,
Uso meu passos para caminhar,
Vejo-me caminhando perto de ti.
Declaro amor a forma escrita,
E de todas as minhas consoantes,
Você se tornou minhas vogais...

...Necessárias para findar esse verso.


(S. L. Schiapim) 


'Para uma pessoa em especial.'






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terça-feira, 7 de junho de 2011




Diálogo Entre Opostos


"- Luz total se resume o meu caminho,
Com miríades ao meu lado, não me sinto sozinho...
Não sou refém dos meus instintos nervosos!
Fiel ao Magnânimo, Amado e Magnífico...
O que atraí todos os pacíficos
Que criou o homem, deu força aos seus ossos!

Expulsou, pelas falhas, sua existência...
Por agir como se não tiverdes consciência!
Seduziu milhões para poder guiar.
Abdicou o amor, este airoso sentimento
Tornou o mundo odiento
Sem se arrepender, impossível perdoar!

Aguardarei o momento certo
Para aniquilar esse momento perpétuo!"
Disse isso o anjo que não possuía nome
Ao demônio que, sem parar, o fitava.
Os segundos do relógio estalavam, 
Suas palavras voavam, similar a um ciclone...



Ignóbil confiante, fechou seus olhos e cruzou seus braços
Pensou que com sua voz possante, intimidaria os que não possuem laços
"- Ignorei o ser magnânimo por vontade própria!
Escolheria qualquer caminho incognoscível
Mudaria o que era-me possível
Para distorcer essa sua 'realidade ilusória'!

Vou criar outro mundo para chama-lo de 'meu'...
Vou mudar o que um dia já foi seu!
Posso fazer desabar a própria lua.
Já vejo nos humanos um desejo repugnante
De fazer o mal, esse desejo constante
Que faz excitar a ciência crua!

Esse seu quetilquê senhor,
Que eternamente é amor
Mas vai julgar todos os errantes, sua própria criação!"
Disse isso, com um tom de repugnância.
Eu ouvindo essas coisas, na minha plena infância,
Fez acelerar meu ingênuo coração.



Pensei o resto da minha vida sem cansaço.
O vento batia, procurava espaço.
Vinha-me teorias, que meu cérebro, com nojo, expulsava...
Nunca mais caminhei satisfeito,
Sonhava apenas com meu leito,
Assim como o oxigênio e o hidrogênio que eu suava!

Pensei: 'Como um ser de amor poderia causar tal desgraça
Aniquilar os errôneos, não acreditar na união de todas as raças'
Pensei também nas palavras do demônio...
A abdicação do hissope
Onde há água-benta, esse ser cospe...
Mas enfim cheguei a uma resposta:

"- Entre destruir todos os de sua criação
Que escolheram não ter ligação
Nessa vida, nesse tempo, que é tão curto...
Não importa quem morra: bom ou mau...
Esse não é o destino natural,
Se um morre, eu me vestiria em luto!

Prefiro acreditar na mudança dos seres vivos
Ao viverem por algum motivo.
Eu só quero que meus olhos fechem
E que eu nunca mais desperte...
Após ler romanos capitulo 6 versículo 7
Espero que meus pecados se paguem."

Calei as cismas do meu destino.
Findei o caminhar por este asfalto.
Cancelei das matérias toda a rima,
Ao observar, ria, sem pudicícia
Da falta de musicalidade da matéria...
Finalmente finda, essa conversa funérea!


(S. L. Schiapim)

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