segunda-feira, 22 de abril de 2013




Emaranhado


No inferno em mim eu me deito,
Meu cérebro distorce o que de fato vejo,
O estalo repentino e uniforme...
Pulsando em um intervalo perfeito,
Ofuscada pelo lampejo...
Mais uma ideia some!

Aquela sensação intermitente...
Com orgulho, trazer imponente,
Toda materialização do sonho incompleto.
Riscar o mundo com uma caneta.
Correndo, ir guarda-la em uma gaveta,
Após desenhar estrelas no teto.

Aguçando todos os meus sentidos,
Relativamente desconhecidos...
Com a delicadeza dos obséquios.
O pássaro, que o canto conduz...
Notas, sobre o caminho de luz,
Sob auspícios, os vetos.

Reatando meu compromisso com o papel,
Que é a luz sobre esse fel,
Amarelado e de erros farto.
Pensamentos voltando a ter voz.
Dou atenção, ficamos a sós
Abruptamente no meu quarto.

O que são, afinal...
Se não todo o materializar imaterial
De todas dobras e todas curvas?
Se não meu ponto de fuga,
A ordem dos pensamentos desordenados
Alocados em mim mesmo?

Escrevo, como quem quer passar mil coisas.
Frustrado por ficar muito extenso...
Perdido da dimensão do imenso,
Contando o número de palavras todas.

Só quem já ficou sem inspiração...
Com a mente calada e branca,
Sabe o que é estar feliz
Por um simples emaranhado de versos.


- Sérgio Schiapim

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