sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Monólogo de um Vendedor
Pause todo esse devaneio e tome nota...
Para, ao contares, não se torne uma anedota.
Que se divulgue entre os povos,
Semeie pacificamente cada conto,
Gerando abstinência após o ponto,
No final das peças desses destroços!
No cataclismo primordial das ideias,
Na nebulosa folha, insiro matérias...
Que seu cérebro passa a repulsar,
Com um martírio agonizante,
O sobrar das consoantes,
O desestimulo de pensar!
Observo que a falta de vontade
Fará com que se apague
No Apocalipse dos pensamentos...
Todas as folhas desbotadas,
Com rebeldes letras ordenadas,
Que serão levadas pelo forte vento.
Cesso o monólogo e minha mente se cala.
Recolho o refugo jogado pela minha fala...
Sou apenas um humilde vendedor,
Que pelas ideias se locomove,
Vendo cérebros, mas não há quem os prove,
Pois não existe ainda nenhum comprador!
(S. L. Schiapim)
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domingo, 21 de agosto de 2011
Retorno
No âmago da dor absoluta
O espaço nulo entre os tempos
Na sucessividade dos segundos...
Observar toda frequência abandonada.
Notar o sentido dos meus dias partindo,
Como o ar dos meus pulmões saindo...
Vagando sem direção alguma...
E não sentir sua respiração.
Vejo o sol girar em torno de nós,
No momento em que estamos a sós,
Observo nossas sombras unidas...
A luz refletida pela opaca lua,
Minha face tocando a sua,
O retomar das relações perdidas.
(S. L. Schiapim)
"- Eu fecho os olhos
E praticamente sinto
Sua respiração."
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terça-feira, 16 de agosto de 2011
Completo
Um homem parcialmente completo,
Repleto de 'porquês' e questionamentos...
De diversos poemas incompletos,
Com um olhar vazio e preguiçoso,
Com seu peculiar sorriso torto
Que só se abre com você por perto...
Uma mulher parcialmente completa,
Que foge de cálculos e exatidões,
Com seus estudos e suas compreensões,
Com seu lindo e cativante sorriso,
Uma presença que me entorpece,
E uma personalidade que vicia!
Em sua ausência surge a abstinência...
Algo que eu esperava por ninguém sentir,
Mas resolvido, parei de me iludir...
E dei a esse sentimento o nome de 'Saudade'.
A motivação de todos os dias ouvir a sua voz
E sentir os meus sentimentos contigo coalescerem!
Percebo o quão medíocre com as letras sou,
Por não achar as palavras que meu íntimo sente...
Talvez até por fugir-me a compreensão,
Por ser algo tão intenso.
Mas trabalharei e me dedicarei todos os meus dias
Para encontrá-las e a ti revelá-las.
Um homem parcialmente completo,
Com o desejo de findar o parcial,
De ter esse como seu objetivo primordial:
De nos tornamos unidamente completos.
(S. L. Schiapim)
"- Eu nasci pra sentir saudade..."
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Teoria de um Poeta Morto
Observo-me, sendo velado, pálido...
Aventuro-me a observar os outros cômodos
Encontro rabiscos de minhas poesias vivas,
Mas os de luto entoam palavras mortas...
E tentam em vão, limpar as lágrimas que os untam,
A dor que cheira a sânie de suas úlceras.
Procuro a mulher que amei, entre os presentes,
Vejo um amigo meu, a consolando...
Ela tinha uma expressão mista, entre tristeza e alivio.
Fixei-me nas estrelas que a presente-ei...
Estavam hospedadas em contubérnio, sem brilho,
Pois não havia luz em seu interior estiolado!
Um inimigo meu entra com passos fortes,
Dizendo: Este ser inútil não pode ter partido!
E ao dizer isso, sendo contido, chorou...
E chorei.
Errante poeta velado, não soube em quem confiar...
Confinou sua essência, seu perdão, sua vida.
Perco, entre os sentimentos, minhas rimas horríveis.
Cancelo a musicalidade que era presente no meu ser.
A diferença do poeta vivo e do poeta morto,
Que passou a vida congregando ódio, rancor e dor!
Consolo-me apenas em vagar em direção ao nada,
Recordando de uma vida que eu nunca tive...
Aproximo-me, toco-me, atravesso-me!
Percebo minha inexistência nesta pausa,
Coalescência impossível... Fecho os meus olhos...
Noto meu espírito vazio, minha alma com frio...
No âmago, o supremo infortúnio de estar morto.
Na pele, a suprema vontade de estar vivo!
(S. L. Schiapim)
' - Eu nem choro mais, pois bem...
Não sei dizer se fiquei mais forte
Ou se morri também.'
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sábado, 6 de agosto de 2011
Chuva
Ao som arpejado de um piano
As suas gotas caem com o mesmo ritmo.
Sinto-as sobre minha pele, tocando-me no íntimo.
Reflito sobre meus erros humanos.
Minha audição acompanha as notas...
Minha pele, as gotas...
Escorrem, soltas...
Lavando minha natureza morta.
Após passar pelo meu corpo escuro
Elas continuam claras, transparentes...
Noto-as, observo-as, calmamente...
E escuto: Torna-te puro!
Após a chuva, noto as cores
De uma rua que eu nunca reparo...
Ao respirar, me comparo...
Analisando os diversos fatores.
Trago com o meu ser
Deformando a coalescência,
Infiltrar-me na essência,
Tudo o que deveria esquecer!
Trago meus erros escritos na pele,
Algo que nunca me abandonou,
Mas são provas de quem tentou.
Julgar? - A você não compele.
A consciência, silencia a razão;
A razão, limpa a mente;
As gotas, formam correntes;
E a chuva limpa o chão.
(S. L. Schiapim) Leia Mais…
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