Teoria de um Poeta Morto
Observo-me, sendo velado, pálido...
Aventuro-me a observar os outros cômodos
Encontro rabiscos de minhas poesias vivas,
Mas os de luto entoam palavras mortas...
E tentam em vão, limpar as lágrimas que os untam,
A dor que cheira a sânie de suas úlceras.
Procuro a mulher que amei, entre os presentes,
Vejo um amigo meu, a consolando...
Ela tinha uma expressão mista, entre tristeza e alivio.
Fixei-me nas estrelas que a presente-ei...
Estavam hospedadas em contubérnio, sem brilho,
Pois não havia luz em seu interior estiolado!
Um inimigo meu entra com passos fortes,
Dizendo: Este ser inútil não pode ter partido!
E ao dizer isso, sendo contido, chorou...
E chorei.
Errante poeta velado, não soube em quem confiar...
Confinou sua essência, seu perdão, sua vida.
Perco, entre os sentimentos, minhas rimas horríveis.
Cancelo a musicalidade que era presente no meu ser.
A diferença do poeta vivo e do poeta morto,
Que passou a vida congregando ódio, rancor e dor!
Consolo-me apenas em vagar em direção ao nada,
Recordando de uma vida que eu nunca tive...
Aproximo-me, toco-me, atravesso-me!
Percebo minha inexistência nesta pausa,
Coalescência impossível... Fecho os meus olhos...
Noto meu espírito vazio, minha alma com frio...
No âmago, o supremo infortúnio de estar morto.
Na pele, a suprema vontade de estar vivo!
(S. L. Schiapim)
' - Eu nem choro mais, pois bem...
Não sei dizer se fiquei mais forte
Ou se morri também.'
4 comentários:
Olá,lindo poema, toca na alma da gente, parece ser "espiritual", mas é trite, muito triste...
Recordando uma vida que eu nunca tive?
Abraços da Mery.
Quis dizer isso: Podemos estar vivos sem estarmos vivendo.
'Estar vivo é uma coisa, se sentir vivo é outra parada.' - Emicida
Voltar ao vivo estando morto, presenciar a vida de outro ponto, faz questionar na vida o que vale a pena...sentir-se vivo, ou viver? Amei!
Sensações diversas relata em seu poema.
Me passou insegurança e frustração
Embora podemos sentir assim
Inseguro, inútil...
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